Edit Template

HDES – Janela(s) de Oportunidade V

Também não ajuda nada neste processo de modernização organizativa e gestionária do SRS trabalhar em edifícios com múltiplos e graves problemas estruturais a precisarem de permanentes obras de reabilitação, ignoradas ou adiadas a maior parte das vezes.
No que diz respeito à ilha de S. Miguel somos a favor de um redesenho profundo do seu Parque de Saúde para o horizonte 2030, que se quer de “Desenvolvimento Sustentável”, e da tomada de decisões bem pensadas e discutidas no seio da Comunidade e das suas mais representativas entidades de opinião e aconselhamento económico e social.
Impõe-se, muito rapidamente, assegurar a retoma da total e completa atividade do HDES e abandonar a ideia peregrina de uma remodelação e modernização totais do e sobre o edifício atual. O argumento de “ficar 40% mais barato” é absolutamente inconsistente e falacioso porque não assenta em nenhum caderno técnico já elaborado, devidamente ponderado e comparativo, sobre o que se quer fazer com a atual estrutura e do que se pretenderia fazer com uma unidade totalmente nova.
Impõe-se discutirmos publicamente a ideia-projeto de construção de uma nova Unidade Hospitalar, tecnológica e estruturalmente avançada, com garantias de absoluta e atualíssima segurança antissísmica, arquitetonicamente pensada para circuitos internos e funcionais que preservem os seus sectores mais críticos em casos de catástrofes e/ou novas pandemias. Tecnologicamente evoluído (provavelmente com metade das camas do atual), de modo a responder às mais exigentes respostas de cuidados assistenciais, sobretudo da Doença Aguda e de Procedimentos de Intervenção, cirúrgicos e não cirúrgicos. ‘Interface’ fundamental com a componente prática do ensino das Ciências da Saúde e um importante ‘locus’ de investigação clínica, genética e epidemiológica, em estreita relação com a Universidade e as Empresas.
Aproveitar a atual estrutura-HDES, reabilitando-a e adaptando-a para: 1) uma Unidade de Saúde destinada aos Cuidados Continuados e Paliativos, na perspetiva de um forte impulso e reforço muito significativo da Rede Regional deste tipo de cuidados; 2) uma Unidade Central-Regional de Reabilitação e Internamento de grandes incapacitados, agudos e crónicos; 3) uma Unidade de Ambulatório, para o desenvolvimento de atividades multidisciplinares no seguimento de Doenças Crónicas com múltiplas morbilidades – uma absoluta e premente necessidade com o crescente envelhecimento populacional – tirando partido, portanto, de grande parte dos recursos humanos e infraestruturais já existentes; e o que mais se entendesse conveniente contemplar como necessário e útil. Ficam estas sugestões que me parecem ser credíveis e merecedoras de ponderação e discussão mais aprofundada.
Impõe-se substituir CS da ilha com novas construções de raiz, e reabilitar os restantes, pensados para a atividade assistencial no Modelo das USF-B (sem a vertente de internamento), de modo a garantir as condições de autonomia organizativa e funcional à constituição de equipas multidisciplinares fortemente comprometidas e dedicadas à prevenção e tratamento dos mais prevalentes problemas de saúde das comunidades locais. Ganha particular importância e prioridade neste plano, pela dimensão populacional coberta, a construção de uma nova US na Ribeira Grande.
Muitas destas intenções constam do Plano Regional de Saúde (PRS) 2030, que, embora desenhado para 4 anos, não apresenta cronograma ou dotação de verbas a atribuir a cada uma das iniciativas.
Finalmente, e no meio de tudo isto fica uma componente importante da prestação de serviços aos CSP, e em indireta medida aos Hospitais – a Medicina Convencionada -, sobretudo nas áreas do diagnóstico laboratorial e de imagem, da fisioterapia, do internamento dos doentes psiquiátricos, do acompanhamento clínico dos doentes ligados às várias formas de Toxicodependência, prestada sob a forma de Convenções com o sector Privado e Social, conceptualmente previstas como “necessidades supletivas conjunturais” mas que se tornaram ao longo dos anos como “necessidades estruturais imprescindíveis”. Haveria muito a dizer sobre esta componente de prestação de serviços ao SRS, propositadamente ignorada e escamoteada dos Planos dos diferentes níveis de cuidados, nomeadamente dos CSP, onde a falta de diálogo e concertação é gritante, com evidentes e bilaterais prejuízos e ineficiências, embora assuma uma fatia cada vez mais importante da externalização de serviços e recursos financeiros do SRS.

Guilherme Figueiredo*

*Ex-Diretor de Serviço de Reumatologia do HDES;
Dir. Executivo da CAL-Clínica

Edit Template
Notícias Recentes
PS desafia Governo Regional a pagar aos fornecedores e reequilibrar as finanças
Governo dos Açores adquire 9 ambulâncias para os bombeiros
Câmara Municipal investe perto de meio milhão de euros na repavimentação de vias municipais nos Arrifes
Ribeira Grande organiza actividades na semana Europeia da Mobilidade
Açores poderão estar mais expostos à nova época dos furacões
Notícia Anterior
Proxima Notícia

Copyright 2023 Diário dos Açores