O incêndio ocorrido no Hospital do Divino Espírito Santo na última semana, veio pôr a nu o quão frágil somos ante uma adversidade daquelas proporções. Impensável, para todos nós, que tal ocorresse no maior hospital dos Açores, o único na ilha de São Miguel. Impensável também pela dimensão e pelo impacto que daí advém nestas primeiras semanas.
Portanto, há aqui matéria muito importante e sensível para reflexão por parte de diversos agentes.
Por outro lado, habituamo-nos a olhar para as coisas como se fossem estruturas indestrutíveis. Pensamos nos hospitais, universidades, museus, escolas, entre outros, como sendo intocáveis e eternos. E, no entanto, a tragédia acontece e prova-nos o contrário. Ou será a minha veia vigilante que me diz que o seguro morreu de velho e que devemos testar a todo o momento o limite das equipas e dos equipamentos.
Nesses dias difíceis, gestão do stress e gestão do impacto de catástrofe devem ser tidas em conta para bem de todos e para o regresso organizado à normalidade.
Médicos, enfermeiros, pessoal auxiliar, entre outras colaborações técnicas, que mal tiveram tempo de respirar de uma Covid-19, logo apanham com nova tragédia. Não é justo, mas é este o grande desafio de quem vive nestas ilhas de basalto e de sobressalto, que, entre tempestades, terramotos, isolamentos, e outros tantos eventos menos felizes, carregam a cruz de um destino sempre incerto.
Luís Soares Almeida*
* Professor de Portuguê[email protected]