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Esgotada a quota do atum patudo

A Associação de Produtores de Atum e Similares dos Açores (APASA), disse ontem que “lamenta profundamente ter-se chegado ao cenário calamitoso que hoje se vive na pesca do atum”.
“Relembramos que, por falta de qualquer plano de gestão ou estratégia, no ano de 2022 sobrepescou-se atum patudo nos Açores e, em 2023, a pescaria a esta espécie fechou a 31 de Maio, facto inédito, nunca antes acontecido nos Açores. Este historial aconselhava a prudência e a preparação prévia da safra para 2024”, recorda a APASA.
Preocupada com a grave situação financeira vivida por muitos armadores e pescadores do Atum, no final da safra do ano de 2023, a APASA diz iniciou um estudo das pescarias de atum patudo, atendendo aos últimos anos, nas Regiões Autónomas da Madeira e Açores. Esse estudo culminou com a apresentação de um Plano de Gestão para a sustentabilidade socioeconómica e ambiental dessa espécie, para a safra de 2024.
O estudo referido continha também, uma previsão do que poderia ser a safra de 2024 e constatou-se que, se não fossem tomadas medidas, a safra iria terminar antes da primeira quinzena de Maio de 2024. Falta de capacidade de escoamento com diminuição drástica dos preços estariam na origem do problema.
O Plano foi discutido em Assembleia Geral e foi aprovado por uma esmagadora maioria dos Associados da APASA.
Os Governos Regionais, apesar de convidados, nunca estiveram disponíveis para comparecer, acrescenta a APASA.
De seguida a APASA apresentou o Plano de Gestão às suas congéneres, Coopesca Madeira e Cooperativa da Pesca Açoriana (CPA) por forma a analisar e reunir consenso em torno de medidas que teriam de ser tomadas com urgência.
A APASA deslocou-se ainda à Região Autónoma da Madeira para explicar e discutir com os armadores daquela região a premência de desenvolver uma estratégia para a gestão do atum patudo.
Pela primeira vez na história do sector associativo, a APASA, a CPA e a Coopesca Madeira, enquanto Organizações de Produtores e com responsabilidades perante a Comissão Europeia, uniram-se e foi aprovado o Plano de Gestão do Atum, adianta ainda.
“Da parte dos governos regionais, não houve qualquer reconhecimento, nem foram consideradas as medidas que estas três Organizações de Produtores, haviam recomendado e implementado, junto dos seus associados”, acrescenta.
A APASA reuniu com o Governo Regional “e sempre alertou para o risco e efeitos de uma má gestão desta pescaria. Nunca deixou de propor soluções no sentido de se evitar chegar ao fecho prematuro das possibilidades de pesca ao atum Patudo”.
O Plano de Gestão não foi aceite pelos governos, tendo sido desconsideradas todas as medidas sugeridas por todos os pescadores da pesca do Atum, afirma a APASA.
A APASA diz que fez de tudo para que se conseguisse pescar até ao fim do verão, atendendo ao consumo interno, ao turismo sazonal e à possibilidade de exportação.
“Infelizmente as propostas da APASA não foram respeitadas, nem tidas em conta. Este é um cenário que, perante instâncias internacionais, não abona pela boa imagem da pesca nos Açores!”, afirma a APASA.
“Como poderemos reclamar mais quota ou defender os interesses da pesca artesanal dos Açores se, por falta de cuidado e interesse de quem nos tutela, não conseguimos gerir e valorizar o pouco que temos?”, conclui a APASA em nota enviada ao nosso jornal.

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