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O mundo em guerra

Ninguém ganhou a última guerra nem ninguém ganhará a próxima.

Eleanor Roosevelt

Viver num mundo mergulhado em conflitos armados é enfrentar, diariamente, a desilusão com a humanidade e a dor de testemunhar a destruição, o sofrimento humano e a perda de vidas inocentes. É olhar, ao redor, e ver fronteiras artificiais marcadas por muros e arames farpados, onde a divisão substitui a união, e o medo domina a esperança.
Neste mundo em guerra, cada cabeçalho de jornal, cada notificação no telemóvel traz consigo mais uma história de violência, horror e dor. Cada explosão, cada disparo de arma de fogo, ecoa como um lembrete angustiante da fragilidade da paz e da brutalidade da humanidade.
A desilusão instala-se, quando percebemos que as guerras não são apenas travadas em campos de batalha distantes, mas também se infiltram nas nossas próprias comunidades, dividindo-nos em fações, alimentando o ódio e a intolerância. Vemos famílias despedaçadas, crianças órfãs, sonhos desfeitos pela violência inescapável que assola tantas partes do mundo e perante estas cenas, o que fazemos? Paramos de comer? Não. Paramos de falar? Não. Tomamos posição? Às vezes sim, de forma parcial e muitas vezes ignorante. Outras vezes, não; não reagimos, ficamos completamente indiferentes perante a tragédia, a barbárie.
É difícil não sentir um peso esmagador ao contemplar não só a nossa indiferença, como também a aparente futilidade desses conflitos, alimentados por interesses políticos, econômicos e ideológicos. O ciclo interminável de guerra e violência parece alimentar-se de si mesmo, deixando um rastro de destruição e desespero por onde passa.
No entanto, mesmo diante dessa desilusão, é importante lembrar que a esperança não está perdida. No meio da escuridão da guerra, vemos a luz da solidariedade e da compaixão brilhar. Vemos pessoas corajosas levantando as suas vozes pela paz, marchando nas ruas, oferecendo ajuda humanitária variada, refúgio aos deslocados e trabalhando, incansavelmente, para construir pontes entre os divididos.
É através desses atos de coragem e humanidade que encontramos uma centelha de esperança, uma lembrança de que, apesar de todas as desilusões, a paz ainda é possível. Sabemos que não será fácil, que enfrentaremos muitos obstáculos e reveses ao longo do caminho. Mas é precisamente nas horas mais sombrias que a nossa determinação é testada e a nossa resiliência é fortalecida. Os casos recentes das guerras da Ucrânia e da Palestina, referidas por serem as mais mediáticas, são o exemplo disso: cenários de guerra extrema onde uns mostram o melhor de si e outros revelam o pior da humanidade.
Enquanto vivermos neste mundo em guerra, agarremo-nos à esperança de dar o passo civilizacional necessário, percebendo que ninguém ganha com guerras, e continuemos a alimentar a chama da paz nos nossos corações e trabalhar juntos, incansavelmente, para um futuro, onde a guerra seja apenas uma lembrança sombria de um passado que nunca mais desejamos reviver.

Judite Barros*

*Professora do Ensino Secundário

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